Translate

sexta-feira, 26 de abril de 2013

2ª Parte do debate sobre tecnologias vínicas e o universo winepunk


Anton Stark: Yey, o meu primeiro post neste grupo! Tenho algumas observações e dúvidas a fazer e colocar sobre esta ideia, portanto cá vai:
1 - Todos os "punks" (excepto O Punk) têem sempre uma base tecnológica na sua concepção, que pode figurar de maneira mais ou menos acentuada no texto. A base tecnológica presente no Winepunk não faz sentido, porque não dá para se usar o vinho para nada. Dá para ser processado para produzir etanol, mas aí seria Ethanolpunk, não Winepunk. Vinho como recurso primário da base tecnológica é absolutamente inviável, além de não fazer qualquer espécie de sentido económico e logístico numa região pequena, montanhosa e de recursos escassos. Mesmo com avanços na tecnologia (and heavens know where those would come from), seria necessário um cisma tecnológico enorme entre a Monarquia do Norte e o resto do mundo civilizado para ela conseguir manter o seu território protegido graças ao vinho.
2 - O facto de o backdrop histórico ser uma revolução não faz necessariamente caso para a denominação de Punk. Aliás, a Monarquia do Norte foi uma contra-revolução, e não há nada absolutamente punk acerca de um retorno a um status quo anterior e retrógrado. Portanto eu não consigo entender de onde vem o Punk do Winepunk.
3 - Pode-se avançar no tempo para esta história, tal como se fez com o Lisboa no Ano 2000, ou devemos cingir-nos à época histórica dada?
4 - Eu estou a dizer tudo isto, atenção, QUERENDO participar na antologia. O problema é que não consigo ver como, porque não consigo fazer sentido destas peças todas. So... Help?
PS: O Luis Filipe Silva acabou de dar algumas excelentes ideias, mas que não respondem ainda assim às minhas dúvidas (o vinho não actua como base tecnológica and I see no punk in it).

Anton Stark: But seriously now, eu não estou a querer mandar nada abaixo, até porque, como disse, quero participar com um texto meu. It's just that acho que são falhas que têm de ser colmatadas antes que a ideia possa progredir, porque as it is now it's, hum,a bit silly.

Rogerio Ribeiro: silly is the new chick...

Amp Rodriguez: Anton Stark, começo por responder ao ponto 3: não, não podes fazer como na Lisboa no ano 2000, este universo só vai existir num período de três anos

Amp Rodriguez: Pontos 1 e 2: o punk não é retrógrado? basta olhar para a roupa e estética feminina do universo steampunk, não deve existir nada de mais machista (o que é natural, assume uma concepção vitoriana de base). E com "spicy" é possivel (hipoteticamente) tecnologia à base de vinho, há até em muitos dos comentários aqui publicados várias possibilidades que estamos a gostar e que vão para além das que tínhamos imaginado (cheers to everyone!!). Finalmente, os universos punk não são compêndios científicos.

Anton Stark: Os universos steampunk são retrógrados quando comparados com o nosso, mas não para eles mesmos (daí teres muitas personagens femininas que renegam as saias em favor das calças, por exemplo). O que quero dizer neste caso é que a Monarquia do Norte é retrógrada em relação ao seu próprio universo e contexto específico. Quando muito seria um Punk anti-Punk xD
Usar magia, "spicy", é batota, non ? Surely.
Os universos punk bem feitos estão, na maior parte dos seus casos, assentes em bases tecnológicas sólidas. Que depois geralmente se exageram, granted, mas a base inicial costuma ser factual ou, pelo menos, operar de uma maneira lógica que vai de acordo com a lógica interna do universo em questão.

Amp Rodriguez: Magia, não, está mesmo proibida neste universo.

Anton Stark: Então o que é que se entende por "spicy", neste caso?

Rogerio Ribeiro: steampunk, ciberpunk, retropunk, têm todos ciência spicy...

Amp Rodriguez: Especulação científica a partir de possibilidades reais. E, claro que tens direito à tua opinião, mas nós achamos que as nossas são válidas.
 Amp Rodriguez: A Monarquia do Norte não é retrograda para si mesma e a intervenção dos interesses britânicos e a guerra com o Sul modificará aspectos sociais. Até porque (facto verificável) muitas convenções são suspensas em período de guerra e este universo é, em espírito e realidade, político e político em cenário de agressão.

Rogerio Ribeiro: Num ponto concordo com o Anton: a Monarquia do Norte era um movimento conservador retrógado. Por isso escrevi no meu texto "Um anacronismo suportado pelo engenho inovador e vontade férrea de uma elite tolerante, mas intolerada no seio do seu próprio regime." Ou seja, colocaria essa faceta como dominante na sociedade, mas não na governação, o que em si será um excelente motor de conflitos e intrigas...

Anton Stark: Eu não disse nada em contrário, Amp xD perdoa-me se soou a tal. Mas há factos científicos que não podemos ignorar, principalmente se não podemos usar magia. O vinho do Porto, sem ser destilado ou sem sofrer outros processos que o convertam noutra coisa qualquer, não pode ser usado para absolutamente nada. Não tem teor de álcoo suficiente para ser combustível. Como isto é um facto básico e essencial ao conceito de Winepunk, acho que o devíamos tentar solucionar aqui com toda a gente (e temos a sorte de ter bons cientistas por aqui para dar uma mãozinha) antes de avançarmos para o resto. Otherwise não me parece que faça muito sentido.
Se o período é de três anos não há espaço para qualquer tipo de mudanças sociais profundas, Amp. É que não dá mesmo. Dá para começar a mudar alguma coisa, mas depois o período chega ao fim.

Amp Rodriguez: A Monarquia do Norte real durou semanas e é um ponto de partida. A nossa durou anos e, como diz o Rogerio Ribeiro, terá tensões ideológicas interiores

Anton Stark: Podemos brincar com a História pré-Monarquia do Norte então?

João Barreiros: Por isso é que ru sugeri que se convertessem as uvas em plasma. As uvas, não o vinho.
Quanto às uvas, propriamente ditas, pequenotes, descobri isto:

Rogerio Ribeiro: Segundo acabei de ler nos manuais, o Winepunk foi criado com tecnologia nacional, descoberta por um cientista que a surripiou do Sul para o Norte... http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2010/11/instituto-pasteur-de-lisboa.html mais pormenores em breve...

Anton Stark: Lá está Tio, mas isso já seria Grapepunk, como tinha dito xD

Amp Rodriguez: Não há nada que perdoar, Anton Stark, não há worldbuilding sem discussão Mas esta não começou ontem, começou há três meses entre eu e a Jo Lima. Não há nada que diga em lado nenhum, nem nunca foi essa ideia, que o vinho do Porto seria utilizado tal e qual como é. A destilaria sempre foi uma opção óbvia, embora existam outras. E não concordo, lamento, que seja nesta série de posts que se definam as regras, pois elas já estão definidas em generalidade. Mas o que nós sempre esperamos é que existissem possibilidades criativas que podem formar várias tecnologias dentro do mesmo universo.

João Barreiros: E os motores dos barcos poderiam ser aquecidos por esta forma de plasma retirado das uvas e funcionar como os barquinhos pop-pop.

Amp Rodriguez: Sim, podes e deves brincar com o período anterior Anton Stark mas discordo, acho que muito muda em três anos ou menos, basta analisar várias épocas históricas.

Anton Stark: Mas a questão, Amp, é que todos os outros Punks têm nome por causa do seu elemento motriz/tecnologia de base. Se o vinho do Porto é para ser utilizado para fazer outras matérias, então essas matérias é que, a serem utilizadas como matéria-prima deste Punk, deveriam dar-lhe nome. Otherwise é estar a forçar demasiado a coisa, se é que me faço entender.
Mas se as regras têm falhas, não seria melhor colmatá-las ou reformulá-las antes de se começarem a enviar textos?
E quanto à questão da mudança, yes, em reflexão, tens razão. Estava a pensar noutro tipo de mudança quando coloquei aquilo lá atrás e acabei equivocado. My bad.

Amp Rodriguez: Anton Stark, o wine é o ponto de partida mas o que está em questão é toda uma cultura do Douro (tal como a cultura vitoriana iniciou as ideias steampunk). A ideia do João Barreiros pode ser incorporada mas não inviabiliza muitas boas ideias especulativas que vi por aqui e que vão de encontro ao espírito winepunk.

Rogerio Ribeiro: pensem out-of-the-box: o vinho do Porto pode entrar nas histórias através da tecnologia e de mil e uma outras maneiras...

Anton Stark: Mas qual é o espírito winepunk precisamente? É isso que estou a tentar entender xD I'm sorry se parece implicância minha, mas juro que estou só a tentar perceber como funciona isto bem antes de me aventurar a escrever. É que em duas palavras, Winepunk, o Wine não é a matéria-base da tecnologia deste mundo, e ainda não consegui entender onde está o Punk.

Amp Rodriguez: Anton Stark, só agora vi o que escreveste. Até agora, nada do que foi dito me faz pensar, a mim ou à Jo Lima, que as regras têm falhas. E como disse o Luis Filipe Silva, o winepunk prende-se com uma concepção de iconologia que não apenas tecnológica, portanto achamos que o nome está adequado.

Amp Rodriguez: Uma vez que ainda só se publicou a apresentação mínima do universo é natural dúvidas. Por isso é que existirão mais posts nos próximos dias

Anton Stark: Righto!

João Barreiros: Bom, para o biocombustivel ser economicamente viável, teriam que se plantar hectares e hectares de milharais, ou de cana de açúcar que eu duvido que se dê bem no Norte. Tornar a uva em aguardente? Não haveriam vinhedos que chegassem. E ponto final no Vinho do Porto. Não há espaço disponível, neste território demarcado. Portanto ou o plasma, ou o bom e velho petróleo. Mas onde iam os Portistas buscar combustível? Será que este lhes podia ser oferecido pelos Ingleses? Mas se tudo funcionasse a gasolina, qual seria a graça do projecto? Geradores eólicos? Bom o Wells já falava deles no "When the Sleeper awakes". Been there, done that.. Torres Tesla? Boff! Onde é que eu já li isto?

Manuel Alves: Às vezes, a solução mais simples para um problema é tão óbvia que se torna impensável; tanto que é difícil de acreditar que não se tenha pensado logo nela (o resto estará na minha história ).

Anton Stark: True enough, Tio Barreiros, true enough...Manuel Alves, you'll forgive me if I don't believe in you, por todas as razões até agora apresentadas.

Vitor Frazão Btw, esqueci-me de perguntar. Se calhar até já foi dito e escapou-me. Este Norte Monárquico começa onde? Douro? Mondego?

João Barreiros: Como são as fronteiras? Quem as guarda? Quem as defende? Temos gente que chegue para isso? Sugiro as minhas abelhas assassinas que ataquem todos cujo suor não tiver a exudações do vinho do Porto. Isto de dia. De noite teremos morcegos vampiros a patrulhar as fronteiras armados com pequenas bombas de fósforo que explodem por contacto. Os morcegos vampiros são termotrópicos. Portanto...

Manuel Alves: Vitor, um ambiente de espionagem industrial de ideias só ajuda a criar uma intriga saudável para escrever acerca de uma monarquia rebelde.

Joel G. Gomes: Há uns anos atrás, quando andei a percorrer o país como mediador cultural por alturas do Centenário da República, li muito sobre a Monarquia do Norte, Paiva Couceiro e todos esses elementos.
Queria a minha entidade patronal de então que eu apregoasse as maravilhas do sistema republicano, que o enaltecesse, mas eu, cuja base principal vem do jornalismo - ouvir as duas partes, sem tomar partido assumido por nenhuma delas - não ia nessa cantiga. Seguia os conteúdos programáticos que estavam estipulados, tentando sempre contextualizar o que acontecia naquele momento (I República, mais concretamente 1876-1933) a nível nacional com o que acontecia na terra onde estávamos. Em algumas terras que visitei, os fundos locais eram óptimos para obter esse tipo de informação, noutros nem tanto.
O caso do Norte era curioso por esta oposição e, em alguns casos, por uma certa indiferença. Em Alfândega da Fé, por exemplo, a Monarquia e a República conviviam sem problemas. A distância do centro de decisões nacional que era Lisboa tornava essa grande mudança algo que na vida prática não significava absolutamente nada. Eu costumava dizer ao público que assistia às nossas visitas que às pessoas de então não lhes interessava mudar de um Rei para um Presidente, o que importava era ter comida em cima da mesa, um tecto sobre as cabeças e uma vida digna.
A propósito de se estar alheio, houve uma mini-série que saiu por volta dessa altura chamada "O Segredo de Miguel Zuzarte". Não tive oportunidade de a ver - não sei se está boa ou uma autêntica trampa -, mas sei que conta a história de um fulano, o tal Zuzarte, monárquico convicto, que faz tudo quanto pode para evitar que a notícia da Implantação da República chegue à sua aldeia.
Outra nota de rodapé que acho muito engraçada, por um lado, e um sinal inequívoco dos tempos, por outro, ou, por outras palavras, como era a PT antes do Bava mandar: consta que o Rei D. Carlos gostava muito das óperas do Teatro São Carlos, mas às vezes não lhe apetecia sair de casa, mais concretamente da cama. Assim que teve acesso ao telefone, esse problema ficou resolvido. Instalou um telefone em casa, outro no seu camarote, e sempre que havia espectáculo ligava para o teatro e escutava a ópera a partir do descanso do lar. (A propósito, alguém sabe qual será a dívida do Estado à PT?)
Enfim, tudo isto para dizer que terminei de ler esta mini-monografia sobre o movimento winepunk e tenho de ir recuperar alguma bibliografia que tenho para aqui guardada.
Sobre a tal experiência centenária, I wrote a book of sorts on the subject: http://www.goodreads.com/book/show/15719788-p-tria-atravessada

Sem comentários: